Se lugar de mulher é onde ela quiser, o cinema feminino é a expressão viva da mulher na sétima arte. Seja nas famosas premiações ao redor do mundo, ou até mesmo no Oscar (que é a maior delas), a presença feminina vem aumentando e tem contribuído bastante para que novos olhares conquistem as grandes telas. 

Na última edição do Oscar o Brasil teve Petra Costa como grande representante, concorrendo na categoria de melhor documentário pela obra Democracia em vertigem (2019). Nesse mesmo gênero, outras três mulheres brigavam pela estatueta. Foi a primeira vez em 91 anos de premiação que uma categoria contemplava mais mulheres que homens entre os indicados. Das cinco indicações, quatro eram femininas. Quem acabou levando o prêmio foi a Julia Reichert, diretora da obra Indústria Americana (2019).

Mas falar de cinema feminino não é limitar-se apenas a números. Para entender o que essa classificação significa, é necessário entender que a linguagem e as temáticas abordadas na maioria das obras dirigidas por mulheres tornaram-se uma característica. É como se o olhar feminino pudesse enxergar de forma mais profunda e particular alguns conflitos e temáticas sociais. Para o especialista em cinema e Diretor da Forasteiro, Ernesto Andreghetto, a participação das mulheres no cinema tem se tornado cada vez mais essencial. “O protagonismo nas criações e direções de obras onde o tema é mais próximo ao universo feminino, proporciona aos telespectadores uma visão mais original da cena. Eu costumo dizer que toda forma de arte é pragmática, e com o cinema não é diferente. Da mesma forma que chineses, coreanos e franceses conseguem nos aproximar mais do universo deles, as mulheres também utilizam o cinema para este fim”, explica. 

Que horas ela volta? (2015) - Direção: Anna Muyleart
Foto: Que Horas ela volta? / Divulgação

Para entender melhor Ernesto cita o filme brasileiro “Que horas ela volta? (2015)“, dirigido por Anna Muylaert. “Nesse filme o relacionamento entre mãe e filha está no centro da história. Então, o olhar de uma mulher sobre essa relação e todos os sentimentos envolvidos enriquecem ainda mais a obra. Um homem não conseguiria se aprofundar de forma tão precisa nesse tipo de contexto, e a Anna foi perfeita na construção do longa, não é a toa que foi sucesso de público”, opina.

Foto da cineastra Anna Muyleart  - cinema feminino
Foto: Anna Muylaert / Arquivo pessoal

Ainda de acordo com o especialista, a presença das mulheres no audiovisual é importante como expressão e reafirmação de identidade. “O cinema precisa da contribuição delas, senão vamos acabar produzindo histórias diversas com um olhar homogêneo, e não pode ser assim. Nenhuma arte ou cultura é homogênea”, conclui. 

Pioneira no Brasil

Jacyra Martins da Silveira, cujo codinome artístico era Cléo de Verberena, foi a primeira cineasta do Brasil. Em 1931 lançou a obra o “Mystério do Dominó Preto“, filme em que dirigiu e atuou ao lado do seu marido, César Melani. Cléo era apaixonada por cinema e tinha como diretores favoritos o norte-americano Fred Niblo e o austríaco Eric Von Sthonheim. A atuação dela no cinema não foi duradoura, mas representou um marco importante na história do cinema brasileiro feminino. 

Entre os grandes nomes nacionais, se destacam: Anna Muyleart, Kátia Lund, Petra Costa e Leandra Leal. Neste mês a Forasteiro conta  um pouco da trajetória de cada uma no universo da sétima arte. O conteúdo está disponível nas redes sociais. 

Confira abaixo algumas obras dirigidas por elas. 

Que horas ela volta? (2015)

Direção: Anna Muyleart  

Cidade de Deus (2002)

Co-direção: Kátia Lund

Elena (2012)

Direção: Petra Costa

Divinas Divas (2017)

Direção: Leandra Leal

Agora é só preparar a pipoca e prestigiar essas grandes obras.
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