Talvez o cenário do cinema nacional nunca esteve em tanta discussão como no último ano. Além de ser tema da redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), considerada a maior prova de avaliação do país, o cinema brasileiro também foi pauta política, e, especificamente, o gênero cinematográfico foi ponto central de um estudo realizado pela Agência Nacional de Cinema (Ancine), divulgado em 2018. 

Os dados coletados pela Ancine revelam que a maioria dos brasileiros têm preferência por filmes de aventura e animação. Já a comédia, característica de grandes produções nacionais, aparece em terceiro lugar entre os prediletos do público. Porém, as produções cinematográficas nacionais têm tomado o sentido contrário. Em 2019, por exemplo, boa parte dos filmes nacionais são regidos pelo drama, comédia ou até mesmo documentários. A aventura passou um pouco longe das produções brasileiras, e “pouco” é falando de forma modesta.

Mas afinal, porque os grandes produtores de cinema não elaboram filmes de gêneros que atraem o público? A resposta é clara e objetiva: custo-benefício.

Produzir comédia é mais barato

Além de ter um custo mais baixo de produção, a comédia, como o próprio estudo da Ancine mostrou, é um gênero bem aceito pelos brasileiros. Um dos pontos que favorece nisso é o acervo de bons comediantes e sua legião de seguidores. Filmes estrelados por Paulo Gustavo, Ingrid Guimarães, dentre outros, sempre são recorde de público, independente da faixa etária. Tudo isso faz com que a comédia seja uma aposta certeira para as produtoras. 

Já em um filme de ação e aventura, por exemplo, o investimento aumenta na diversidade de cenários e nos efeitos especiais e visuais. Muitas vezes a ideia é muito boa mas a conta não fecha, e isso acarreta na desistência de uma produção que faria sucesso entre o público. Para 2020 por exemplo, o calendário do cinema nacional se repete em drama, comédia e documentários que compõem a maior parte dos lançamentos. Dos apresentados até agora, poucos trazem a ação como gênero, e nenhum aborda aventura.

A Forasteiro também atua com produções para o cinema, e nos últimos anos tem produzido e colaborado com obras de diversos gêneros, seja de ação, terror, fantasia, suspense, ficção científica, dentre outros. 

A Perocini Filmes, parceira da Forasteiro, produziu o longa Diário de um exorcista- Zero (2016), que superou a marca de 1 milhão de views na Netflix. Confira o trailer do filme. 

Esse ano a Forasteiro contribuiu com mais uma  produção da Perocini Filmes, dessa vez o longa Atração de risco, que integrará o leque de filmes de suspense nacionais. 

Para o Diretor da Forasteiro Produções, Ernesto Andreghetto, a resistência à outros gêneros no cinema brasileiro ainda é cultural, e existe um certo medo de arriscar. “Quando olhamos pra trás e pensamos em terror nos filmes brasileiros, lembramos do mito do Zé do Caixão, que era algo bem característico. O mais seguro foi sempre fazer comédia e drama, e em relação à comédia, os Trapalhões ajudaram bastante nisso, pois deram muito retorno”, explica. 

No entanto, para Ernesto é possível quebrar essa visão e passar a investir em produtoras que dêem visibilidade e incluam cada vez mais outros gêneros no cinema. “São inúmeros os nomes de realizadores que tem esse ímpeto aqui no país, justamente em uma época que, em termos técnicos, é mais fácil de se realizar. Temos todos os recursos para expandir a ideia da produção audiovisual”, completa. 

O fato é que o futuro de um cinema nacional mais plural é possível, viável e é rentável, basta um olhar mais amplo dos investidores para acertar mais uma vez. 

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