Sabemos que o que mais chama a atenção em um filme é a imagem, certo? Errado! Bom, na verdade nem sempre é assim. Recentemente o cinema perdeu Ennio Morricone, um dos grandes compositores de músicas que fizeram história na sétima arte, e também um dos responsáveis em deixar essa dúvida em nossa cabeça. Afinal, o que a música e o cinema têm em comum e qual a relação entre as duas artes?

Para entender melhor, convidamos você a continuar lendo este texto. 

Ennio Morricone, por exemplo, é o responsável pelo tradicional som de faroeste que marcou o filme “O bom, o mau e o feio” em 1966. E, fala sério! Mesmo se você não conhecer o filme, com certeza já ouviu esse som em algum lugar.

Cena Final do filme O Bom, o Mau e o Feio, com trilha de Ennio Morricone – 1966

Lembrou né? As obras de Morricone, por muitas vezes se tornaram mais famosas que os próprios filmes. Isso só ressalta o quanto uma trilha é importante para a composição de uma grande obra cinematográfica. Agora vamos entender o porquê. 

O som é a alma da cena

Quando falamos de cinema é importante relembrar o termo audiovisual. A junção entre imagem e som produz a cena. Sem som, não há cena, e isso vale inclusive no período do cinema “mudo”. As célebres aparições de Charles Chaplin nas grandes telas, vinham sempre acompanhadas de uma uma brilhante trilha sonora, que na ausência de texto verbal, cumpria bem o papel de promover entendimento aos telespectadores. 

Nesse contexto a música desde sempre tem sido uma ferramenta essencial na construção das cenas. Quando um diretor inicia a idealização da obra, geralmente precisa pensar bem na escolha do compositor de suas trilhas. Basicamente, não há filme bom com trilha ruim. É importante frisar que existem diferenças entre trilha sonora e trilha musical. Explicamos mais abaixo.  

Trilha Musical

É o conjunto de canções que embalam a história do filme. Algumas são compostas especialmente para o filme, como o caso de Bicho de Sete Cabeças, de André Abujamra, composta especialmente para o longa brasileiro de mesmo nome. Também há Skyfall, da britânica Adele, que foi composta para a trilha de “007 – Operação Skyfall”, e premiada com o Oscar de Melhor Canção Original em 2013. 

Trilha Sonora

A Trilha Sonora é o conjunto de todos os sons presentes no filme, sejam canções, sons instrumentais, ruídos da natureza, dentre outros. O trabalho de englobar todos os sons e deixá-los harmônicos e complementando ou até conversando com as cenas, é árduo e extremamente essencial para garantir um bom resultado. Na animação Rio (2011), Carlinhos Brown é um dos produtores que assinam a trilha sonora, que engloba canções e outros sons que marcaram o sucesso do filme. A canção “Real in Rio”, principal do álbum do filme, foi indicada como Melhor Canção Original no Oscar em 2012, mas infelizmente não levou a estatueta. 

Real In Rio – Composição de Carlinhos Brown / John James Powell / Sergio Mendes / Siedah Garrett

Além da diferença entre Trilha Sonora e Musical, o cinema é repleto de jargões que descrevem técnicas e termos utilizados na sonoplastia dos filmes. Conheça os principais: 

Mickeymousing: é uma técnica de composição onde os movimentos da imagem da tela têm um paralelo sincronizado na orquestração. É freqüentemente associada à desenhos animados (daí o nome), e têm como função exercer um efeito cômico. O mickeymousing é considerada uma técnica controversa.

Música original: o termo música original do filme refere-se à parte musical instrumental composta exclusivamente para determinado filme. Seu equivalente em inglês é score, traduzido literalmente como partitura.

Source music: no jargão da indústria cinematográfica, é a música que tanto os espectadores quanto os personagens do filme ouvem. Um exemplo clássico do uso de source music é Sam (Dooley Wilson) tocando “As times goes by” no filme Casablanca (1942).

Tema: um tema (theme, em inglês) é, em geral, “a parte mais reconhecível em uma obra ou trecho musical”.

Temp tracks: uma abreviação de temporary tracks, são peças musicais pré-existentes utilizadas como referência para a composição da música original. Os temp tracks que o diretor George Lucas utilizou para Star Wars – composições de Antonín Dvořák, Franz Liszt e Gustav Holst – serviram de guia para John Williams compor seu premiado score, por exemplo.

Cues: cada trecho de música de um filme, por menor que seja, é chamado de cue. Fazendo uma analogia com a música popular, seria equivalente à faixa de um disco, com a diferença de poder durar apenas alguns segundos.

Decupagem: a decupagem, ou spotting em inglês, é o processo que define onde a música estará presente no filme, de acordo com a cena escolhida.

E os musicais? 

E como falar de música e cinema sem falar dos musicais? Basicamente o gênero consiste no estilo de obra que se apoia em músicas, coreografias e canções, que por si só conduzem a história do início ao fim. 

Um dos mais célebres musicais do cinema mundial é “O Rei e Eu (1957)”, premiado em grandes festivais, inclusive no Oscar, a obra é uma primazia de união entre a imagem e o som, que assume um protagonismo que agrega emoção e identidade à história. 

O Rei e eu (1957) – Fonte: Reprodução Internet


Definitivamente a música e o cinema se complementam de uma forma tão intensa, que não dá pra imaginar um sem o outro. Tem dúvidas disso? Imagina o seu filme preferido sem as trilhas que fazem parte dele. Tenho certeza que não vai ser tão incrível quanto é, concorda? 

Quer saber mais sobre cinema e audiovisual? Confira outros textos no nosso blog.

Conheça também nossos trabalhos como Forasteiro Produções, e se tiver interesse, faça seu orçamento conosco. 


Fontes: 
https://www.aicinema.com.br/por-que-a-trilha-sonora-no-cinema-faz-toda-a-diferenca-entenda/

https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2020/07/compositor-italiano-ennio-morricone-morre-aos-91-anos.shtml

Imagem de capa: Jim Dyson/Redferns

Os comentários estão fechados.