A produção de vídeos é, cada vez mais, uma tendência do mercado digital. Já falamos sobre isso em outros posts por aqui. Acontece que, uma das dúvidas mais recorrentes, não só de quem está entrando no mercado, mas, muitas vezes de quem já está inserido e não tem muita experiência de gestão, é saber como precificar o serviço. 

Seja muitas vezes porque o cliente não compreende a complexidade de produzir o material, ou também porque o videomaker não está por dentro dos valores atuais de mercado, definir o custo de produção pode gerar, muitas vezes, uma grande dor de cabeça. 

Além disso, pode também gerar uma das situações mais recorrentes do mercado, que é justamente a subvalorização e, ainda, algo bem pior, a desistência de empreender na área por não conseguir se sustentar com os valores cobrados. 

Já aconteceu com você? Se sim, é importante ressaltar que para fazer o seu negócio no audiovisual dar certo, tudo vai depender do planejamento para o tipo de trabalho realizado. 

Às vezes uma produção precisa de mais recursos que outras, e aqui estamos falamos tanto de equipamentos, como de pessoas envolvidas. Por isso, no decorrer deste texto, vamos listar algumas questões muito importantes na hora de precificar o tipo de serviço que você oferece.

Custo de equipe

Seja para uma produção mais compacta, que envolve apenas um videomaker, ou nas pequenas e médias que contam com roteirista, diretor, câmera e editor, e até nas mais amplas, que incluem atores, maquiadores, diretores de fotografia, operadores de som e luz, etc. Todas devem considerar o custo de cada profissional envolvido, e é sempre importante que isso fique claro para o cliente. 

A produção de vídeos envolve uma equipe, cujos profissionais têm seu custo individual. Optar por baratear, reduzindo profissionais e poupando recursos, pode afetar diretamente a qualidade do produto final. É quando o barato sai caro. E em relação a isso, existem muitos exemplos. 

Os profissionais que aceitam um valor bem abaixo do custo e tentam realizar sozinhos essa produção, tem de lidar com a administração de todos os processos que envolvem a captação e, não é que seja impossível, mas nesses casos os riscos de erro se ampliam, podendo ocorrer questões clássicas, como: o videomaker estava muito preocupado com o enquadramento para ver que a iluminação não estava correta, ou o áudio estava entrando de forma errada. 

Essas falhas acabam gerando mais processos, que aumentam o custo do projeto inteiro, como por exemplo, ter que realizar tratamentos profundos na cor, no áudio, ou até máscaras para esconder algum objeto que não devia estar na cena, mas que acabou passando por desatenção, já que o videomaker estava sobrecarregado com outros processos.

E por fim, o pior dos casos: quando o profissional ficou tão sobrecarregado e teve um tempo tão curto de produção, que para salvar o projeto, é necessário refazer todo o trabalho de captação, e isso quando ainda há a possibilidade. 

Fase 1

O Primeiro passo é sempre conhecer bem o cliente e entender o que ele precisa. Considerando que muitos clientes não elaboram briefing, esse entendimento pode fazer a diferença para saber a expectativa que eles têm com a produção, e também identificar todos os processos que serão necessários para concluir o projeto. Muitas dessas perguntas, o videomaker pode responder por si mesmo, porém, alinhar com o cliente é sempre a melhor opção. 

Citamos abaixo perguntas essenciais para fazer aos seus clientes: 

Para qual fim será utilizado o vídeo?  – Essa pergunta é  muito importante. Ela define algumas diretrizes, inclusive de qualidade e valores. Muitas vezes, não vale a pena dispor de grandes recursos para um trabalho ou registro pessoal ou uma gravação de palestras para fins de arquivos, por exemplo. Porém, se estamos falando de um vídeo corporativo que será veiculado em redes sociais, ou que tenha fins de divulgação e informação e que se enquadrem em publicidade, é necessário pensar em investir um valor maior, inclusive porque mais processos serão inclusos na produção.

Em qual plataforma ele será exibido? – Importante saber para onde esse vídeo vai, isso também define o padrão de qualidade que você pode trabalhar, te orientando também nas questões de equipe e equipamento. Todos os suportes tem codecs e resoluções diferentes e o videomaker tem que entender que isso pode gerar mais dedicação na pós produção e na própria  produção, com capturas em  diferentes resoluções, perfis de cores e quadros por segundo. Além da preferência artística do profissional, esses formatos, muitas vezes, são requeridos pela plataforma de exibição. Inclusive, cinema e televisão existem processos de registro e pagamento de tributos, isso precisa ser considerado nesse caso.


Fase 2

Agora que você já identificou o tipo de produção, se é possível realizar o trabalho sozinho ou precisará de uma equipe, e quantos processos dentro da linha de produção será necessário, é hora de entender a expectativa do cliente.

Para isso, as questões abaixo são bem importantes.   

Vocês querem a elaboração de um roteiro para ser aprovado? Essa pergunta é interessante, porque a maioria responde “sim!”, isso se já não tiverem feito um. O roteiro é um documento muito importante, que facilita a produção do videomaker. Ter esse material no processo, faz com que seu trabalho seja mais valorizado. Você pode incluir o valor de um roteiro no orçamento e alinhar com o processo de apresentação e  aprovação. Isso evita indisposições após a realização da produção, já que o cliente aprovou o roteiro. Em projetos como “eventos sociais” ou “registro”, o roteiro se torna opcional.

A gravação será em estúdio ou em locação? Local aberto ou fechado? De dia ou de noite? – Se essas dúvidas não foram esclarecidas com as perguntas iniciais, esse aqui é o momento de descobrir quais “problemas” você vai ter que resolver.  Cotação diária de estúdio (mesmo que ele seja seu), todo jogo de iluminação que será necessário e quais tipos, considerando o estúdio ou a locação, seja de dia ou à noite. As vezes é necessário um eletricista para fazer o cabeamento e isso deve ser considerado, assim como a visita técnica (que também deve ser cobrada).  Aqui, também, você vai descobrir câmeras e lentes que podem e/ou precisam ser utilizadas.

O vídeo terá personagens com fala? Se sim, como? Hora de saber como será capturado o áudio. Com as informações anteriores você vai juntar essa peça aqui e saber que tipo de equipamento será utilizado para ter a qualidade desejada. Seja Lapela, boom, direto da câmera ou um microfone que saiu em uma mesa de som e você só terá o trabalho de plugar um “gravar” ali.

Vocês querem cenário ou algum objeto específico no ambiente? E vamos agregar valor aqui também. Se isso não foi conversado, aqui que você vai incluir a direção de arte e produção de cenário. É um serviço bem específico e precisa ser calculado como um dos processos.

Serão usados apresentadores ou atores?  Se não for um registro de evento, pode ser que eles precisem de um profissional para apresentar e atuar no vídeo. Isso deve ser considerado, porque muitas vezes o cliente acha que um apresentador profissional ou um ator para determinada cena não se faz necessário. Nesse ponto discutimos a necessidade disso, lembrando que um profissional tende a acelerar o processo de produção evitando retomadas e refações. Nessa parte do processo, você também já identifica se será necessário um Teleprompter.

Fase 3

As etapas anteriores te ajudaram a definir como produzir. Agora é o momento de organizar uma das principais etapas da pós produção: a edição.

No vídeo final, terão informações gráficas, estatísticas, lettering, artes etc?  Você precisa saber isso para entender o quanto de pós produção você vai enfrentar, e, assim, calcular como um processo separado, mesmo que seja só um cálculo interno. 

Será utilizada narração de um profissional? Alguns clientes não têm a visão completa do que desejam. Quando você pergunta isso, eles entendem que talvez seja necessária essa narração e você pode sugerir, mesmo que o vídeo já tenha lettering e a leitura em narração desses elementos, você pode cotar um profissional  e incluir no projeto.

Gostaria de utilizar trilha sonora? Esse aqui é um ponto de atenção. Sabemos bem que as trilhas sonoras, todas, têm direitos autorais e a maioria das plataformas digitais derruba o conteúdo ou emite alertas sobre possíveis não promoções e não monetização do conteúdo. Mesmo que seja um banco pago, essas restrições existem e depende do autor da música. Muitas vezes, para criar um conteúdo que será exibido em salas de cinema, ou até mesmo em mídias sociais onde o vídeo será monetizado ou servirá como publicidade, é necessário entrar em contato com o detentor dos direitos e adquiri-los para esse tipo veiculação.  Do contrário, você pode ser o responsável por uma bela dor de cabeça do cliente, tornando até o material dele inútil.

Como videomaker, você é responsável por alertar os clientes e esclarecer sobre todas as condições de utilização de trilhas sonoras. No caso de utilização da trilha mesmo que seja de banco pago, ainda assim, a inclusão deve ser cobrada, por que ela prevê um trabalho de mixagem, mesmo que básico. Também existe a possibilidade de trilha original. Vamos falar disso mais pra frente.

Você gostaria que seu vídeo tenha recursos de acessibilidade?  Isso é muito importante e, muitas vezes, o cliente nem se atenta. Quando você oferece isso, além de estar agregando valor ao seu trabalho, mostra que estar de olho nas tendências do mercado e pode deixar o projeto do seu cliente muito mais completo. 

Um trabalho de legendagem inclui, além de se criar a legenda com transcrição, automática ou não, a revisão da mesma. E também é possível oferecer transcrição em libras. Existem muitas formas de se cotar isso na internet, inclusive empresas que já enviam no formato adequado para inserção. E é muito importante que você saiba antes, não apenas pela cobrança do valor, mas por que isso também interfere na sua pós produção.

Esclarecimento sobre o equipamento utilizado

O que afeta diretamente o custo da produção é o equipamento utilizado nas captações. O valor de um vídeo que utiliza um equipamento semi-profissional, acaba não sendo o mesmo de uma produção com equipamentos profissionais. Mesmo que a decisão de utilização seja meramente logística ou artística, como usar um celular como segunda câmera, ou mesclar câmeras de produção cinematográfica com DSLRS ou Mirrorless, você tem sempre que saber o que o tamanho da produção está requerendo e, se há equipamento com valor alto sendo utilizado, deve ser incluso no orçamento. Até porque a qualidade de ambos é bem diferente e vai resultar em um produto com qualidade relativamente média ou superior.

Definindo os valores

Vamos fazer um exercício para entender melhor como chegar a um valor adequado para determinado projeto. Seguiremos em quatro passos a valoração do trabalho de um videomaker e, por fim, vamos criar um orçamento baseado nessa valoração.

Vamos pensar em videomakers independentes que estão começando agora. Utilizando o básico para atender minimamente um cliente simples, vamos utilizar valores arredondados para o processo de cálculo ficar claro.

Parte 1 do orçamento: custo fixo

Exemplo de caso – O videomaker possui uma câmera com jogo de lentes que tem valor total de R$ 5.000,00, um computador para edição que tem o mínimo requerido, com o valor de R$ 5.000,00, um kit de iluminação que custou R$ 1.000,00 e microfone de lapela também custando R$ 1.000,00. O total em equipamentos desse profissional chega em R$ 12.000,00

Primeiro vamos calcular a depreciação dos equipamentos, pois ela é importante para prever a necessidade que esse videomaker possa ter em trocar e fazer upgrade desses equipamentos, de tempos em tempos, e manter-se assim atualizado e sempre evoluindo. Esse valor é representado por mais ou menos um terço do valor total de equipamentos por ano. Dito isto, podemos calcular 30% de  R$ 12.000,00, que corresponde a R$ 3.600,00 por ano. É recomendado que se tenha seguro desses equipamentos, vamos calcular que esse seguro seja 5% do valor total ao ano: 5% de R$ 12.000,00 é igual a R$ 600,00 por ano.

O custo anual desse videomaker com seus equipamentos é de R$ 4.200,00. Como isso deve ser repassado para o orçamento?  O videomaker pode ter o histórico de um ano já no mercado. Simplesmente, pegar o número de trabalhos de produção que ele fez no ano passado e dividir por esse número. Mas se o videomaker não tem esse dado, ele pode simplesmente dividir por 12, sabendo assim que precisará de um trabalho por mês apenas para pagar esses equipamentos. Então, R$ 4.200,00 dividido por 12 é igual a: R$ 350,00 – Guarde esse valor, sabendo que ele é o minimo pela utilização dos seus equipamentos por projeto. Neste caso do cálculo aqui, representa um valor mensal.

  • Esse videomaker tem softwares de edição, bancos de imagens pagos, além de alguns serviços como e-mail personalizado, o mínimo de redes sociais, um site e um contador online para controle fiscal. E se ele trabalha em casa, podemos calcular que 50% do valor de água, luz e aluguel, também estão inclusos aqui. Isso dá um investimento mensal de R$ 500,00, então R$ 6.000,00 por anoGuarde esse valor. Esse é o custo operacional desse videomaker por mês. Vamos usar a mesma lógica que antes e pensar que esse videomaker não tem os dados do ano passado, então ele precisa fazer o cálculo mensal desse custo.
  • Esse videomaker tem um custo mensal da sua operação na produtora de R$ 850,00 – esse é o mínimo que ele tem que ganhar por mês para manter seu negócio.

Parte 2 do orçamento, o custo variável e o criativo:

  • O videomaker também tem vida  (apesar de algumas linhas de pensamentos discordarem). Vamos calcular aqui o *salário* desse profissional. Se ele ainda tem que pagar 50% de aluguel, água, luz, precisa se alimentar, pagar seu INSS (importante para autônomos) e ter uma vida social, vamos dizer que seu salário mensal precisa ser, minimamente, R$ 5.000,00.

É desse valor que sai o custo da diária base ou da hora base. Então, o cálculo da diária/salário desse vídeomaker é R$ 5.000,00 dividido por 22 (nunca considere os fins de semana nesse cálculo), seria então R$ 227,30 por dia e, dividido por horas, sempre considerando 6hs: R$ 37,88 por hora. É aqui que o videomaker tem que entender que ele precisa decidir quanto ele quer e necessita ganhar pelo seu trabalho.

Nessa simulação, ele precisa ganhar R$ 5.000,00 por mês, mas isso se ele trabalhar todos os dias durante 6hs. Se ele pensar “eu já tenho um portfólio bacana, fiz faculdade e/ou cursos de aprimoramentos e tenho uma criatividade diferenciada” e, por isso, acredita que pode cobrar mais pela sua diária, inclusive levando em conta que pode ser que ele não trabalhe todos os dias.Então, esse valor pode variar e a diária chega a custar, minimamente, R$ 450,00. Essa diária se aplica tanto para produção externa, quanto para edições.

Caso o videomaker precise de uma justificativa ou base de comparação, ele sempre pode olhar os valores sugeridos pela Sindicine em suas tabelas.

Sobre o valor de edição, pós e finalização, existem outras formas de se calcular pela complexidade do que será feito. Porém, a forma mais simples ainda pode ser  as diárias de execução. Não importa se um vídeo tem cinco minutos ou uma hora finalizados. Se esse vídeo de uma hora tem apenas trabalho de montagem e esse de cinco minutos têm motions, arte e edições criativas, ele pode levar o mesmo tempo. Por isso, é importante que esse videomaker faça as perguntas de briefing. É nela que ele vai descobrir quanto tempo esse vídeo de cinco minutos pode demorar para ser finalizado. Se levar de 3 a 4 dias, logo, cobra-se 4 diárias de edição. E se esse de uma hora, ele consegue finalizar em um dia, pode flexibilizar os valores sabendo que nesse ele utilizaria apenas uma diária. 

Parte 3 – Os valores finais que fazem a diferença:

 Mobilidade: Para uma produção ser realizada o videomaker precisa ir até o local. Parece óbvio né? E não se enganem! Isso pode fazer uma diferença enorme.  Existem alguns cálculos que fazem essa variável, o mais simples é utilizar um aplicativo de mobilidade, como Uber, colocar os endereços (ida/vinda) e ver quanto vai dar. Esses valores devem ser adicionados ao orçamento como “deslocamento” ou até mesmo embutido na diária. Existe também o cálculo do valor do litro da gasolina pelo gasto em quilômetros, indo e vindo do local. Todos são válidos, contanto que não se esqueça desse cálculo.

Alimentação:  Não é à toa que as empresas oferecem o “vale refeição”. O Programa de Alimentação do Colaborador – PAT, nasceu em 1976 com a finalidade de fornecer nutrição adequada e segurança alimentar aos colaboradores. O videomaker é um colaborador de sua própria empresa, então, o PAT se aplica também a ele. Pode-se adicionar um valor de até R$ 50,00 na diária para garantir a segurança alimentar. Sendo assim, o custo da diária paga pelo cliente é contabilizada exatamente pelo serviço prestado.

O Lucro: O videomaker, além de colaborador, é também o dono do seu negócio. Toda empresa tem a pretensão de gerar lucro e, nesse caso, entende-se crescimento e valorização da mesma e manutenção do seu sistema econômico. O lucro é calculado em 30% do valor total do custo do projeto. Aqui é possível negociar o valor, ou seja, reduzir um pouco para facilitar financeiramente um determinado cliente, ou adicionar mais se perceber que existe espaço para isso. Quando o videomaker não adiciona esses 30%, ele está fazendo o “valor de custo”. Isso pode ser bem prejudicial para o seu desenvolvimento. Se vale um conselho: evite fazer valor de custo.

Taxas administrativas: Aqui é onde entra o valor da nota. Alguns também inserem o valor do contador nesse espaço. Mas, seja aqui ou lá, o importante é não esquecer que ele existe.

Parte 4 – Hora de orçar!  

Um cliente chegou para esse videomaker e pediu um vídeo de cinco minutos. Ele descobriu que o cliente vai precisar de uma vinhetinha de abertura e legendas. Também soube que a gravação é no escritório da empresa, onde um dos diretores vai falar um texto preparado por ele, porém, ele não tem experiência em falar para a câmera.

Alguns pontos a considerar: 

  1. É o primeiro trabalho desses mês, e ano passado eu não sei quantos tive. Preciso cobrar o valor base operacional: R$ 850,00;
  2. Em uma diária eu resolvo a gravação, posso cobrar R$ 450,00 a diária, para me manter dentro do valor, mas preciso que esse seja o primeiro de muitos esse mês. Como a edição tem uma vinheta e são mais quatro minutos de mídia com a captura de áudio simples, não preciso de uma captura externa, vou utilizar direto da câmera. É apenas um depoimento, então terá uma mixagem simples, junto com o vídeo. A trilha é praticamente um background, portanto, não será uma edição de áudio complexa, mas acho melhor colocar dois dias de edição para valorizar o meu trabalho: R$ 900,00. Vou sugerir um teleprompter, assim o trabalho sai mais rápido e redondo, não tenho um, mas posso cotar um aluguel em um valor de R$ 300,00, e ser bem mais profissional.
  3. O escritório deles fica a 15km de casa. A ida e vinda de Uber deu R$ 80,00.Vou comer em um restaurante perto: R$ 50,00 Agora vou somar tudo e ver quanto vou colocar de lucro: R$ 2.630,00 é o total. Adiciono 30% que é R$ 789,00, fica um total de R$ 3.419,00. Preciso adicionar a nota de 6% por que sou ME. dica: nunca calcule a porcentagem do valor líquido e some ao total para formar o bruto. No final, você vai receber menos no líquido e perderá dinheiro do seu orçamento. O ideal é que essa porcentagem seja um valor adicional ao líquido sem que se perca nada, e existem várias formas de se calcular  isso, como por exemplo: Valor da nota = Valor líquido / (1 – 6,00%)
    Valor da nota = R$ 100,00 / (1 – 6,00%)
    Valor da nota = R$ 100,00 / 0,9400
    Valor da nota = R$ 106,38

    E o inverso, para fazer o teste de como calcular o valor do imposto na nota fiscal.

    Valor líquido = Valor da Nota – (Valor da Nota * Alíquota)
    Valor líquido = R$ 106,38 – (R$ 106,38*6,00%)
    Valor líquido = R$ 106,38 – R$ 6,38
    Valor líquido = R$ 100,00

    Vamos então facilitar nossa vida. Fazer a conta rápida, mesmo que dê uma diferença de centavos ou reais para cima, garante que você não perca dinheiro na transação. Vamos então fazer o cálculo. Nesse caso, com 6,4%, e isso você pode deixar claro no orçamento: “impostos presumidos a 6,4% do valor total”. Você não perde o valor e o cliente vai estar ciente da cota de imposto que você calcula.

    6,4%, resultando em R$ 218,81 de imposto.

  4. Resultado: O valor total que vou cobrar por esse trabalho é R$ 3.637,81

Considerações finais (e bem importantes)

Dá pra perceber nessa análise que a estrutura do videomaker também aumenta o custo da sua produção. Porém, temos que pensar que quanto maior a estrutura maior a qualidade que ele tem a oferecer. Então, o custo acaba sendo justificado e agregando mais valor ao produto final. 

Outro ponto é o cálculo do custo operacional. O básico de dividir por 12 é presumir que você tenha apenas um trabalho por mês, o que muitas vezes não é real, e se você pode calcular quantos teve no ano anterior, a conta fica mais folgada. Basicamente, se tem mais clientes e trabalhos por ano, mais margem de lucro ou margem de negociação você vai ter. O custo é dividido por 12, mas pode ser dividido por 30 se for esse o total de trabalhos que você tem por ano. A decisão é sua. Manter o custo operacional de divisão por 12 em cada trabalho, criando assim uma margem de lucro garantida e maior, reduzir e dividir esse valor em números reais de trabalho por mês, deixando seu preço de mercado mais competitivo ou deixando lá para possíveis negociações e flexibilizações controladas.

É interessante perceber que se um videomaker tem uma entrega muito boa, ou que ele desenvolveu um nicho para aquela entrega, mesmo com equipamentos básicos, ele ainda pode cobrar mais e manter o custo baixo operacional. Essa é uma das características do mercado da economia criativa. Com o tempo, ele pode ganhar mais e acabar investindo de forma mais agressiva.

Também é possível utilizar esse mesmo modelo de cálculo quando você tem uma equipe. Afinal, esse é um orçamento individual, a única coisa que você tem que fazer é incluir os valores de cada profissional adicional a esse orçamento. Lembra que a sua base deve ser o seu orçamento, com todos os pontos que estão aí relacionados.

Ainda assim, com tudo isso, ainda é um problema ignorar e não entender essas etapas que fazem tanta diferença na valorização do seu trabalho. As maiores causas de saída do mercado e desorganização financeira, são justamente o medo de cobrar o preço que vale o seu trabalho. 

Lembre-se que seu trabalho é como qualquer outro. Se o cliente não entende isso e não aceita os seus valores, talvez esse não seja o tipo de cliente que você quer ter e, certamente, será o que mais vai te dar dor de cabeça e, consequentemente, prejuízo.

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